Gaia volta a perder

O Concelho de Vila Nova de Gaia foi durante décadas, visto pelo Poder Político, como um Concelho de “segunda”, em parte por estar situado na periferia de uma grande cidade como é o Porto, mas também por demissão dos lideres políticos gaienses da altura.
Assim o Porto absorvia uma grande parte, quer dos fundos do PIDAC anual, quer dos apoios financeiros dos Quadros Comunitários de Apoio.
Esse ciclo foi quebrado com a eleição do Dr. Luis Filipe Menezes, como Presidente da Câmara, que rápidamente colocou Gaia no mapa.
Durante os primeiros oito anos da sua presidência, Vila Nova de Gaia experimentou um ciclo de desenvolvimento impar no universo dos concelhos do Continente. Mesmo quando pensamos em concelhos como a Póvoa do Varzim, a Maia e Oeiras, importa ter presente que os mandatos dos respectivos Presidentes se estenderam de uma forma contínua por muitos mais anos.
Mas não há bela sem senão!
Em finais de 2004, quando o Dr. Luis Filipe Menezes decidiu abraçar um novo e mais importante projecto político, numa óptica Nacional, Gaia começou a perder, tendo passado a ser pouco mais do que a base de apoio à nova estratégia do seu Presidente de Câmara, cada vez mais ausente.
E da mesma forma que para o seu projecto autárquico, o Dr. Luis Filipe Menezes contou com colaboradores a quem ficou a dever, em grande parte, o sucesso da sua actuação com Presidente de Câmara, sendo o Dr. Jorge Queiroz o principal rosto desse projecto, o sucesso que obteve no novo projecto político, que o levou a Presidente do PSD, tem um rosto, que se destaca claramente de todos os outros. Refiro-me ao dr. Marco António.
Estranho é que, sendo uma evidência inquestionável, que se o Dr. Luis Filipe Menezes é hoje Presidente do Partido Social Democrata, o deve ao trabalho político desenvolvido pelo Dr. Marco António, este já não faça parte desse mesmo projecto.
Com efeito o anúncio pelo actual Presidente do PSD que o Dr. Marco António será o candidato do partido à Presidência da Câmara de Gaia nas próximas eleições autárquicas, demonstra isso mesmo.
A concretizar-se o afastamento do Dr. Marco António do referido projecto político, o Dr. Luis Filipe Menezes irá repetir, em 2009, o erro que cometeu nas eleições de 2005.
Acresce que o Dr. Marco António deixará de desempenhar funções para as quais já demonstrou ser capaz de atingir níveis de perfomance acima da média, ao contrário do que naturalmente acontece no desempenho de outras funções.
Já era tempo de os nossos dirigentes políticos, abandonarem a prática que vem do velhos tempos do PREC e que se traduz no facto de as pessoas serem, não raras vezes, “utilizadas” e “deitadas fora” de acordo com as conveniências políticas do momento, recorrendo-se muitas vezes, nos bastidores, à calúnia e à difamação, gratuitas, para justificar o injustificável.
Este nosso pobre País cada vez mais precisa, de mais e melhores políticos, sendo para isso condição necessária, embora não suficiente, que na política a máxima “o homem certo, no lugar certo”, seja cada vez mais uma prática corrente, no preechimento dos cargos públicos. O que vale por dizer que o critério deveria ser a competência e não o cartão partidário.
É hoje uma evidência que nada justificava que o Projecto de Gaia tivesse sido marginalizado, para que o Dr. Luis Filipe Menezes tivesse podido abraçar o seu novo projecto. Na avaliação do nosso desempenho tem tanto peso o trabalho que realizamos, como o trabalho que deixamos de realizar, mas que estava ao nosso alcance realizar.Têm, por isso, razão os Gaienses, que quase ilolatraram o seu Presidente da Câmara, em se sentirem abandonados.